domingo, 7 de novembro de 2010

CONTA PRA MIM

Ana Jácomo





Conta pra mim de onde a gente se conhece. De onde vem a sensação de que sempre esteve aqui, quando eu sei que não estava. Conta por que nada do que diz sobre você me parece novidade, como se eu estivesse lá, nos lugares que relembra, quando eu sei que não estive. Conta onde nasce essa familiaridade toda com os seus olhos. Onde nasce a facilidade para ouvir a música de cada um dos seus sorrisos. Onde nasce essa compreensão das coisas que revela quando cala. Conta de onde vem a intuição da sua existência tanto tempo antes de nos encontrarmos.





Conta pra mim de onde a gente se conhece. De onde vem o sentimento de que a sua história, absolutamente nova, é como um livro que releio aos poucos e, ao longo das páginas, apenas recordo trechos que esqueci. Conta de onde vem a sensação de que nos conhecemos muito mais do que imaginamos. De que ouvimos muito além do que dizemos. De que as palavras, às vezes, são até desnecessárias. Conta de onde vem essa vontade que parece tão antiga de que os pássaros cantem perto da sua janela quando cada manhã acorda. De onde vem essa prece que repito a cada noite, como se a fizesse desde sempre, para que todo dia seu possa dormir em paz.





Conta pra mim de onde a gente se conhece. De onde vem essa repentina admiração tão perene. De onde vem o sentimento de que nossas almas dialogavam muito antes dos nossos olhos se tocarem. Conta por que tudo o que é precioso no seu mundo me parece que já era também no meu. De onde vem esse bem-querer assim tão fácil, assim tão fluido, assim tão puro. Conta de onde vem essa certeza de que, de alguma maneira, a minha vida e a sua seguirão próximas, como eu sinto que nunca deixaram de estar.





Conta pra mim por que, por mais que a gente viva, o amor nos surpreende tanto toda vez que vem à tona.

A VIAGEM NOSSAS MALAS -



A VIAGEM - NOSSAS MALAS (Padre Fábio de Melo)






O perigo da viagem mora nas malas. Elas podem nos impedir de apreciar a beleza que nos espera. Experimento na carne a verdade das palavras, mas não aprendo. Minhas malas são sempre superiores às minhas necessidades. É por isso que minhas partidas e chegadas são mais penosas do que deveriam.






Ando pensando sobre as malas que levamos…






Elas são expressões dos nossos medos. Elas representam nossas inseguranças. Olho para o viajante com suas imensas bagagens e fico


curioso para saber o que há dentro das estruturas etiquetadas. Tudo o que ele leva está diretamente ligado ao medo de necessitar. Roupas diversas: de frio, de calor – o clima pode mudar a qualquer momento! Remédios, segredos, livros, chinelos, guarda chuva – e se chover? Cremes, sabonetes, ferro elétrico – isso mesmo! Microondas? Comunique-me, por favor, se alguém já ousou levar.










O fato é que elas representam nossas inseguranças. Digo por mim. Sempre que saio de casa levo comigo a pretensão de deslocar o meu mundo. Tenho medo do que vou enfrentar. Quero fazer caber no pequeno espaço a totalidade dos meus significados. As justificativas são racionais. Correspondem às regras do bom senso, preocupações naturais para quem não gosta de viver privações. Nós nos justificamos. Posso precisar disso, posso precisar daquilo...






Olho ao meu redor e descubro que as coisas que quero levar não podem ser levadas. Excedem aos tamanhos permitidos. Já imaginou chegar ao aeroporto carregando o colchão para ser despachado?














As perguntas são muitas... E se eu tiver vontade de ouvir aquela música? E o filme que costumo ver de vez em quando, como se fosse a primeira vez?














Desisto. Jogo o que posso no espaço delimitado para minha partida e vou. Vez em quando me recordo de alguma coisa esquecida, ou então, inevitavelmente concluo que mais da metade do que levei não me serviu pra nada.






É nessa hora que descubro que partir é experiência inevitável de sofrer ausências. E nisso mora o encanto da viagem. Viajar é descobrir o mundo que não temos. É o tempo de sofrer a ausência que nos ajuda a mensurar o valor do mundo que nos pertence.






E então descobrimos o motivo que levou o poeta cantar:






“Bom é partir. Bom mesmo é poder voltar!” Ele tinha razão. A partida nos abre os olhos para o que deixamos. A distância nos permite mensurar os espaços deixados. Por isso, partidas e chegadas são instrumentos que nos indicam quem somos, o que amamos e o que é essencial para que a gente continue sendo. Ao ver o mundo que não é meu, eu me reencontro com desejo de amar ainda mais o meu território. É consequência natural que faz o coração querer voltar ao ponto inicial, ao lugar onde tudo começou.






É como se a voz identificasse a raiz do grito, o elemento primeiro.






Vida e viagens seguem as mesmas regras. Os excessos nos pesam e nos retiram a vontade de viver. Por isso é tão necessário partir. Sair na direção das realidades que nos ausentam. Lugares e pessoas que não pertencem ao contexto de nossas lamúrias.... Hospitais, asilos, internatos...






Ver o sofrimento de perto, tocar na ferida que não dói na nossa carne, mas que de alguma maneira pode nos humanizar.






Andar na direção do outro é também fazer uma viagem. Mas não leve muita coisa. Não tenha medo das ausências que sentirá. Ao adentrar o território alheio, quem sabe assim os seus olhos se abram para enxergar de um jeito novo o território que é seu. Não leve os seus pesos. Eles não lhe permitirão encontrar o outro.






Viaje leve, leve, bem leve. Mas se leve!






“A vida é o que fazemos dela. As viagens são os viajantes; O que vemos, não é o que vemos, senão o que somos”. Fernando Pessoa – “Livro do Desassossego”
















AMAR É >>>>>>>>>>>>




UM VERDADEIRO AMIGO

Um Verdadeiro Amigo




Autor Desconhecido



















Qualquer um pode ficar ao seu lado quando você está certo, mas um amigo verdadeiro permanece ao seu lado mesmo quando você está errado...






Um simples amigo se identifica quando ele te liga. Um amigo verdadeiro não  precisa se identificar, pois voces conhecem suas vozes.






Um simples amigo inicia uma conversa com um boletim de novidades sobre sua vida. Um verdadeiro amigo diz: "O que há de novo sobre VOCÊ




Um simples amigo acha que os problemas pelos quais você está se queixando são recentes. Um amigo verdadeiro diz: "Você tem se queixado sobre a mesma coisa pelos últimos quatorze anos. Saia deste marasmo e faça algo sobre isto."






Um simples amigo nunca o(a) viu chorar. Um verdadeiro amigo tem seus ombros encharcados por tuas lágrimas.


Um simples amigo não  sabe o nome dos teus pais. Um verdadeiro amigo tem o telefone deles em sua agenda.






Um simples amigo traz uma garrafa de vinho para sua festa. Um verdadeiro amigo chega mais cedo para ajuda-
lo a cozinhar e fica até mais tarde para ajudá-lo na limpeza.






Um simples amigo odeia quando você liga após ele já ter ido para cama. Um verdadeiro amigo te pergunta porque demorou tanto para ligar.






Um simples amigo procura conversar com você sobre teus problemas. Um verdadeiro amigo procura -lo a resolver teus problemas.






Um simples amigo fica imaginando sobre tuas histórias românticas. Um verdadeiro amigo poderia conhecer então  te chantagear com tudo que ele sabe.






Um simples amigo, quando o visita age como um convidado. Um verdadeiro amigo abre tua geladeira e se serve.






Um simples amigo acha que a amizade terminou quando vocês tem uma discussão. Um verdadeiro amigo sabe que não existe uma amizade enquanto voces ainda não tiveram uma divergência.






Um simples amigo espera que você sempre esteja por perto quando ele precisar. Um verdadeiro amigo espera estar sempre por perto quando você precisar dele.